O bailaNa passada quinta-feira, em Moscovo, Marcelino Sambé, de 15 anos, venceu a terceira competição fora de Portugal em 2009. Marcelino Sambé, de 15 anos, venceu há dias o Concurso Internacional de Ballet de Moscovo, na categoria júnior. Na realidade, ficou em 2.º lugar na competição, que decorreu no Teatro Bolshoi, mas não foi atribuída medalha de ouro. "Sempre quis ganhar em Moscovo. Dizem que é das melhores competições do mundo, e é uma grande vitória para mim", revela ao DN. "Posso não ter ficado em primeiro, mas foi a minha maior vitória." Apesar de esta ter um sabor especial, está longe de ter sido caso único na sua curta carreira. Só este ano, já conquistou três prémios internacionais. Em Fevereiro, recebeu o Grande Prémio do concurso de dança TanzOlymp, em Berlim, e em Abril venceu a edição de 2009 do Youth American Grand Prix Competition, na categoria júnior. Antes ainda, em 2008, arrecadou o seu primeiro prémio internacional, na 2.ª Edição do Beijing International Ballet Invitational for Dance Schools, na China. Mas Sambé nem sempre se interessou pelo bailado, apesar de ter nascido no Dia Mundial da Dança, a 29 de Abril de 94, em Paço de Arcos, Oeiras. E foi lá que começou a dançar. "Quando tinha quatro anos, abriram um grupo de danças africanas num centro comunitário do meu bairro, e eu entrei nele", conta. Mais tarde, "por volta dos nove anos", uma psicóloga que trabalhava no centro levou-o às audições do Conservatório Nacional. Na altura, o jovem não sabia que ia participar numa audição de ballet. "Pensava que ia fazer danças africanas e hip-hop, e achei aquilo muito estranho. Os outros rapazes estavam todos de collants e sapatilhas, e eu de calções", explica. Durante o exame de admissão, também não sabia exactamente o que devia fazer. "Até sabia alguns movimentos, como a esparragata, mas de resto limitei-me a copiar os outros. Passados uns dias soube que tinha passado." Contudo, não teria conseguido integrar-se na Escola de Dança do Conservatório Nacional sem uma ajuda preciosa: Telmo Moreira. O jovem bailarino português estuda actualmente na Academia Vaganova, na Rússia, mas na altura era apenas um amigo de Marcelino, que o conhecia há vários anos e o treinou durante essas férias. "Foi o meu primeiro professor", refere Sambé, orgulhoso. "Acompanhei o seu percurso e agora estou a seguir as suas pegadas." Tal como o seu ídolo, o jovem espera "sair de Portugal para estudar bailado lá fora". Gostava também de terminar os estudos, apesar de começar a sentir algumas dificuldades em conciliar ambas as actividades. "Este ano foi muito difícil, até porque estou no 9.º, em ano de exames", explica. O seu maior objectivo, porém, seria "ganhar o Prix de Lausanne", em que vai participar no próximo ano. Isso não seria possível sem o apoio das famílias de duas colegas, Maria Barroso e Mariana Moreira, que "quase o adoptaram", confessa. "Não estou a viver com a minha família porque a minha mãe foi viver para o Alentejo e o meu pai já faleceu. Foram estas famílias que me acolheram, para poder continuar os meus estudos." In DN rino português que vence prémios internacionais por LUÍS FILIPE RODRIGUES Hoje