Quem sou eu?
Estendido aqui neste buraco profundo
Sem luz, peso muito peso, sem oxigénio,
Companheiro de larvas, minhocas, imundo
Já me habituei a elas nojento, tudo é etéreo
Quem sou eu?
Era muito reivindicativo agora estou sumido
Quem fez esta ordenação? Queria ser útil.
Na Guerra, o amigo valente audaz ferido
Dá a sua vida, por outro mundo fútil
Quem sou eu?
As flores que eu gostava tanto, o mar os rios
As mulheres, os homens, as crianças, o amor...
Não posso chorar, os meus olhos estão comidos
Corpo dilacerado não sente dor, nem cheiro de flor
Quem sou eu?
Vim, do mundo obtuso e desgraçado
Sem paz sem tolerância com ódio
Deixa sempre saudade o bem amado
De um belo poema de um heterónimo
Quem sou eu?
Lama, instabilidade, eu não sou ninguém
Deus dá-nos a todos esta grande punição
Deus dá-nos desprezo, e castigo também
A quem um dia, por amor, entregou o coração
Sabem quem sou eu?
Chegará a vossa hora, não podeis dizer não
Vós, como Seres-Humanos desse mundo
Acabem com a Guerra, aceitem a saudação
Um dia sereis como eu, um esqueleto imundo
Mena Santos
Turma P1
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