Posted: 12 Jan 2009 03:11 AM PST,
retirado do blogue "Tomar Acual",
in http://tomar-actual.net/2009/01/patrimonio/patos-bravos/
Ainda a pretexto do artigo recentemente publicado pelo Expresso sobre a degradação do património arquitectónico em Portugal, Filipe Luís - na sua coluna “Sexto Sentido”, na revista Visão desta semana, sob o título “Patos-bravos”, artigo de que apresento de seguida alguns excertos – recupera a temática:
Vem a propósito recordar uma inquietante reportagem, publicada na última edição do Expresso, sobre a destruição de alguns dos nossos principais monumentos. Um país que não preserva, não divulga e não reutiliza o seu património edificado é um país inexistente, sem memória e sem identidade.
Os monumentos de que fala a reportagem, o Convento de Cristo, em Tomar, a Batalha, o Mosteiro de Alcobaça, a Sé de Lisboa, são testemunhos de pedra, e vítimas silenciosas, indefesas, da criminosa negligência e do alarve pato-bravismo de todos os governos dos últimos 30 anos, de que o actual Executivo de Sócrates em nada se distingue. Vítimas da irresponsabilidade da classe política, central e autárquica, analfabeta, boçal e gananciosa. Exemplos de recuperação, como o do Mosteiro de Tibães, em Braga, ou o caso de Mértola em pouco alteram o estado de coisas: cuidar do património, promover a História, divulgar os tesouros nacionais, cá dentro e lá fora, parece não render votos. O exemplo de Foz Côa é elucidativo. Mas quando se deixa cair a janela manuelina de Tomar, o caso é de polícia. Quem se senta no banco dos réus?
Sigamos as sentidas linhas do transmontano Miguel Torga, fascinado pela monumentalidade calcária da Estremadura: «Em nenhum outro sítio do País se encontra uma harmonia tão perfeita entre o corpo da terra e o espírito dos homens. A Batalha, o Castelo de Porto de Mós, o Mosteiro de Alcobaça, Óbidos e o Convento de Tomar apenas se compreendem ali, rodeados de colinas granjeadas e aureoladas pelo sol da História. (…) Nenhum outro ponto de partida mais sugestivo para levar a cabo a tarefa de entender e descrever Portugal.»
Filipe Luís, revista “Visão” (nº 827, 8 a 14 de Janeiro 2009)
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