quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

QUEM POLUIU, QUEM RASGOU OS MEUS LENÇÓIS DE LINHO

Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho,
Onde esperei morrer, - meus tão castos lençóis?
Do meu jardim exíguo os altos girassóis
Quem foi que os arrancou e lançou no caminho?

Quem quebrou (que furor cruel e semiesco!)
A mesa de eu cear, - tábua tosca, de pinho?
E me espalhou a lenha? E me entornou o vinho?
-Da minha vinha o vinho acidulado e fresco...

Ó minha pobre mãe!... Não te ergas mais da cova.
Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...
Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.

Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais,
Alma da minha mãe...Não andes mais à neva,
De noite às portas dos casais


Camilo Pessanha - Coimbra, 1867-1926
Retirado do livro de Mário Soares (Os poemas da minha vida)

2 comentários:

maria teresa disse...

as vezes também me ponho a pensar....Quem virá morar na minha casa quando eu partir??? será que mais alguém vai usar a minha porcelana????....Ainda bem que não sabemos. que dencanço.

Maria Monteiro disse...

Oh Teresa! e isso interessa? Dedique-se antes a fazer coisas giras, a divertir-se, a gozar a vida como se pode e deixe tudo o que é lamentação de lado. SE virmos bem, a vida AINDA tem algumas coisas giras!!! Aproveite-as!!!!! Passe cada minuto como se fosse o último!!! Ou seja, divirta-se o melhor que conseguir!!! Isso é que é VIVER!!!!!