terça-feira, 25 de novembro de 2008

Balada Feroz

Canta uma esperança desatinada para que enfureçam silenciosamente
os cadáveres dos afogados
Canta para que grasne sarcasticamente o corvo que tens pousado [sobre tua omoplata
atlética
Canta como um louco enquanto teus pés vão penetrando a massa sequiosa de lesmas
Canta! para esse formoso pássaro azul que ainda uma vez sujaria sobre o teu êxtase.


Arranca do mais fundo a tua pureza e lança-a sobre o corpo felpudo [das aranhas
Ri dos touros selvagens carregando nos chifres virgens nuas para o [estupro nas montanhas
Pula sobre o leito cru dos sádicos, dos histéricos, dos masturbados e [dança!
Dança para a lua que está escorrendo lentamente pelo ventre das [menstruadas.


Lança teu poema inocente sobre o rio venéreo engolindo as cidades
Sobre os casebres onde os escorpiões se matam à visão dos amores [miseráveis
Deita a tua alma sobre a podridão das latrinas e das fossas
Por onde passou a miséria da condição dos escravos e dos gênios.

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