segunda-feira, 3 de novembro de 2008

"O SONHO DO INFANTE"


Cerca de 1906 José Malhoa, em pintura no teto do Museu Militar de Lisboa, colocará Vossa Mercê nos rochedos de Sagres a contemplar as ondas, a mirar o longe, a meditar. Chamará à obra “O Sonho do Infante”. Vossa Mercê pode ser isto ou aquilo mas, se bem vos conheço, lá contemplativo é que não sois. Romantismos...

Pouco mais de quatro séculos depois da vossa morte, de vós dirá também Fernando Pessoa:

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

2 comentários:

Maria Monteiro disse...

Parabéns Carolina por este post! Já lhe tinha dito antes, quando publicou (agora vejo eu, parte dele) mais atrás. Fez muito bem em recuperá-lo e acrescentar-lhe o que lhe faltava, parte do poema.
Muito bom gosto!

suzel disse...

Também gostei muito deste poema.Já conhecia mas nunca é demais lembrar! Parabéns á Carolina, que não conheço, mas gosto do nome...