Maria do Céu Guerra foi a homenageada do MIT 2008
Foi quiçá o ponto alto deste 11º MIT, o momento em que Ermesinde prestou homenagem a uma das maiores divas do teatro português de todos os tempos. Maria do Céu Guerra, um nome que, como foi por diversas vezes dito ao longo da noite do passado dia 27, dispensa apresentações. Nascida em Lisboa, em 1943, entrou para as lides teatrais quando ainda frequentava o curso de Filologia Românica, na Faculdade de Letras de Lisboa, corria o ano de 1963. Esta sua primeira incursão deu-se no Grupo Cénico com a peça “Assembleia ou Partida”. A paixão pela arte foi escalando montanhas e de lá para cá foram dezenas os trabalhos em que Maria do Céu Guerra participou. Com o passar dos anos tornou-se numa das actrizes de eleição do panorama teatral nacional, tendo estendido o seu talento ao cinema e à televisão. Em 1975 foi uma das fundadoras do grupo “A Barraca” onde tem desenvolvido a sua actividade, quer como actriz quer como encenadora. Ermesinde pôde testemunhar ao vivo o porquê de Maria do Céu Guerra ser uma actriz tão aclamada em Portugal e no estrangeiro, com a exibição da peça “O Pranto de Maria Parda”. A actriz esteve soberba nesta peça de Gil Vicente que retrata uma pobre e velha mulher sucumbida ao poder do álcool numa época em que a fome assolava o país. Quando a carência de alimentos já se tornou habital, a bêbeda de cor negra consola-se com mais “uma litrada”... Neste monólogo a actriz colocou em palco todo o seu talento, conseguindo arrancar ora gargalhadas ora um profundo silêncio introspectivo, deixando o público que lotava o recinto cultural ermesindense absolutamente rendido à sua performance. Diga-se ainda, como curiosidade, que esta peça deu à actriz, em 1992, o Prémio UNESCO do Festival de Artes Cénicas da Expo’92, em Sevilha. Posteriormente à peça foi exibido um vídeo-documentário conduzido pelo director do ENTREtanto Teatro, Júnior Sampaio, que percorreu de lés-a-lés toda a carreira da actriz. Nele estiveram contidos diversos depoimentos de familiares, amigos e colegas definindo Maria do Céu Guerra como actriz, amiga e mãe. No final a sala aplaudiu de pé esta grande figura da cultura portuguesa.
Ficha Técnica:Texto: Gil Vicente;Encenação e Interpretação: Maria do Céu Guerra;Adereços: Vitor Sá Machado;Luz: Manuel Mendonça;Produção: Fábrica Teatro, França;Música Original: Carlos Bernardo;Cenografia: Fabrica Teatro e Maria Adélia;Duração: 50 minutos.
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