terça-feira, 3 de março de 2009

Teatro Português

Teatro Português

A problemática da existência de um teatro português.


Existe um teatro Português?
Esta interrogação sobre a existência de um autêntico teatro português vem de longe, entendendo-se este como forma de expressão artística e não apenas literária, com características próprias e com o objectivo de elevar a identidade nacional.

Sobre esta temática pronouciaram-se Garret afirmando estar preocupado com a "esterilidade dramática", mas também Eça de Queirós num artigo de As Farpas que parecia responder afirmativamente à pergunta levantada anos atrás ao seu compatriota. Aliás para Eça " o português não tem génio dramático, nunca o teve mesmo entre as gerações literárias passadas, hoje clássicas", esquecendo deste modo nomes como Gil Vicente, António José da Silva.
A opinião de Fialho de Almeida, corroborava as anteriores, dizendo que salvo Gil Vicente nenhum outro dramaturgo português alcançou a universalidade de um Camões, um Eça, um Pessoa, o que parece revelar uma fraqueza congénita do povo português para a criação teatral.

Para conseguir retirar alguma conclusão verosímil será necessário conjugar a especifidade do teatro como categoria estética e os contextos históricos onde se tenta desenvolver. E dúvida que deste enquadramento se depreende a natureza do teatro enquanto ligada directamente a factores sociais, económicos, políticos, dependendo as condições cénias da presença de uma comunidade de sentimentos e opiniões de consciências, o que já por si é dificil de encontrar. A juntar a esta dificuldade ainda é necessário acrescentar o temperamento português individualista e avesso às grandes empresas colectivas, sendo a epopeia dos Descobrimentos possivelmente a única excepção, pois pressupôs uma conjugação ordenada de esforços, o que também se deveria reflectir no teatro.

Talvez o problema do teatro nacional mexa com toda a estrutura da sociedade portuguesa. Sem dúvida que só intervalarmente o teatro surgiu e sempre com uma faceta comunitária, foi o caso de Gil Vicente que surgiu na corte Quinhentista do rei D.Manuel e plena expansão maíritima e posteriormente, três séculos mais tarde, Almeida Garrett durante a restauração romântica e liberal.

De notar que nestes períodos a acção repressiva das instituições vigentes encontrava-se atenuada. Ainda assim, muitos foram os ensaístas, poetas ou romancistas que se serviram desta categoria literária, embora descontinuamente, ora aberto à gargalhada, ora fechada à dolorosa tragédia, memória e testemunho da vivência colectiva de um povo cuja identidade se procura exprimir através de uma linguagem própria, e sem a qual se criaria uma imagem desfocada da cultura portuguesa.

in http://www.underportugal.com/oteatro/htp01.asp

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